Dois poemas de Ana Luiza Rigueto

os tambores

no ar os gestos
barrados
caminho a minha
raiva sem
mesura alguma hora vai ser
meio dia o corpo
romperá
no alívio das curvas
muito esforço             muito
                                               espaço

mãos cotovelos braços
ombros pescoço olhos arregalados
boca testa olhos arregalados
tronco tornozelos pisar
pó, pedra
não conter
seiva,
fúria

mergulho

pensando nas estruturas pensando
nos versos quebras que faço por querer
cavar mais fundo pensando em horizontalizar não
consigo tenho mania de vértices o
sentido do solo céu pontas
penso em geleia linha esquecer
cada grão de areia grudado na pele depois
do mergulho


Ana Luiza Rigueto nasceu em Mimoso do Sul-ES em 1991. Vive no Rio de Janeiro e mora no Grajaú. Publicou poemas nas revistas escamandro, Ruído Manifesto, Subversa e na antologia Tertúlia (Ágrafa, 2018). Fez videopoemas como “não me fale do fim” e “tudo no cinema”, disponíveis no YouTube. Entrega em domicílio é seu primeiro livro e saiu em julho de 2019 pela Editora Urutau.