três poemas de vitor resquin

logunedé

Em leque, as penas do pavão
enfeitam as florestas de arroubos
no peito do caçador.

Ornando o percurso que se fez o rio,
são de mel, os sonhos de Logunedé.

seta dourada

Farrapo de nuvem no céu
E a flecha em sol a pino.
 
– Ode à Odé
 
Seta dourada ao vento:
reflexo do que sou
 
“No espelho o universo peca”
Rezar à caça e ao caçador.

oxumaré

Redemoinho de nuvens no céu
E a cobra que migra de nuvem em nuvem
 
               Organização do movimento,
               a difusão dos pensamentos.
 
Duas presas salivando aguardente
Na sede de devorar o mundo.

Vitor Augusto Resquin Rodriguez é poeta e educador. Filho de um casal da zona leste paulistana: do pai, a maldição do samba; da mãe, o terreiro; da vida, a capoeira. Autor de Naufragar como Verbo (Reformatório, 2017) e Árido (Penalux, 2020).