Tarik, eu me lembro de você. De como era frágil, de como tinha medo. Eu também era frágil, e tinha medo. Dois terços de nós, ou mais, eram assim. Você […]
Escolhe; diz a última voz, duas mãos ou galhos secos apontam direções: bombordo é tomado pelo sol, estibordo guarda em sombra a grande barra de metal. O emissário espera que […]
Por Paula Dume Não é preciso fechar as janelas de casa ou ficar recluso em um local taciturno para ler Melancolia, novo volume de poemas de Carlos Cardoso, lançado em […]
os tambores no ar os gestosbarradoscaminho a minharaiva semmesura alguma hora vai sermeio dia o corporomperáno alívio das curvasmuito esforço muito espaço mãos cotovelos braçosombros pescoço olhos arregaladosboca testa olhos arregalados […]
número 1 no país que possuimais bicicletas que habitantesé possível se depararcom aqueles que retornam à casacarregando de tudo: as compras do mês,eletrônicos, mobília, uma, duascrianças, a holandesa é vistaa […]
[sem título] se soltamuma a umado pano de chãoque acabo de lavarumaaumaenquanto o funk tocana ocupação no prédio da frenteumaaumaé preciso paciênciapra cair assimumaaumaesquecer o funke continuar a cairumaauma gota. […]
Bronze Na gramática do tempoconsuma-se a linguagem perfeitadas estátuas. Everado Norões Na praça com seu nomepasso em frenteao busto inerte de Getúlio Vargase saúdo as aves veteranasque há décadas depositam […]
Olhando para ele naquela cama de hospital vi que havia envelhecido muitos anos em pouco tempo. Ainda adormecido pelos efeitos da anestesia, seu corpo nu, sob o fino lençol branco, […]
Meu vô, caboclo do sertão, tinha ojeriza a samango. Nada de alisado, passar a mão na cabeça de quem quer que seja: “Homem que é homem tem de buscar o […]
Deu à costa uma baleia com quarenta quilos de plástico no estômago. Dentro do estômago dela não vivia nenhum menino. Talvez a pistola de plástico de um menino. A pistola […]
O nome vem antes de tudo, mas nós viemos antes do nome que nos cabe e a ele nos adaptamos na curiosa e complexa engenharia cotidiana de nomear as coisas […]
Só me chamam com os olhos, sempre em silêncio, entendo assim mesmo, vou andando na ponta dos pés, sem barulho, o piso antigo de madeira estalando, vou devagar, espaçando os […]
Ele parou o carro quando percebeu que o que se movimentava pela estrada não era um saco preto, como imaginou há cinquenta metros. Foi maravilhada que a mulher que o […]